sexta-feira, 23 de março de 2018

Doze princípios para uma vida longa




Médico japonês que atendeu até os 105 anos compartilha doze de seus princípios para uma vida longa


Para um médico especialista em longevidade, nenhuma apresentação de suas capacidades profissionais pode ser melhor do que sua própria vida – e esse é somente um dos atributos que classificam o médico japonês Shigeaki Hinohara como o mestre e a grande inspiração que foi.

Desde que completou seus 75 anos de idade este profissional publicou 15 livros, incluindo um chamado Vivendo muito, vivendo bem, que vendeu mais de 1.2 milhões de cópias em todo mundo. Como fundador do Novo Movimento da Terceira Idade, Hinohara estimula a todas as pessoas a viver vidas longas, plenas e felizes, algo em que ele parece ser perito.

Falecido, em 18 de julho de 2017, aos 105 anos e ainda trabalhando, tendo vivido sua longa vida com saúde mental e física impecáveis, Dr. Shigeaki deixou não só sua história de intensa dedicação a medicina e a cuidados mais humanos com seus pacientes, como algumas dicas concretas para vivermos uma vida boa e longeva como parte de seu legado.


Nascido em 4 de outubro de 1911, Hinohara se tornou um dos médicos a dedicar mais tempo à saúde e à felicidade de seus pacientes no mundo. E o termo “felicidade” aqui não é usado por acaso: o médico foi um pioneiro no trato mais pessoal e individual dos pacientes e, mesmo depois de sua morte, segue como inspiração para melhorarmos a qualidade de nossas vidas.

Em 2009, o médico Shigeaki Hinohara concedeu uma entrevista reveladora ao jornal Japan Times. Na época, ele tinha 97 anos de idade e era reconhecido por sua excelente saúde física e mental –, além de ainda estar trabalhando ativamente como médico e educador. Sem dúvidas, mais do que um profissional da saúde, sua própria vida era um exemplo de que seus conselhos deveriam ser ouvidos.

Alguns princípios do Dr. Shigeaki Hinohara:

1. Coma direito
“Para o café da manhã eu bebo café, um copo de leite e um pouco de suco de laranja com uma colher de azeite de oliva. O azeite é ótimo para as artérias e mantém minha pele saudável. O almoço é leite e alguns biscoitos, ou nada quando estou muito ocupado para comer. Nunca fico com fome porque me concentro no meu trabalho. No jantar, um pouco de peixe e arroz e, duas vezes por semana, 100 gramas de carne magra”.


“Todo mundo que vive uma longa vida, independentemente de nacionalidade, raça ou gênero, dividem uma coisa em comum: ninguém tem excesso de peso.”

2. Não pegue atalhos
“Para permanecer saudável, sempre suba de escadas e carregue suas próprias coisas. Eu subo de dois em dois degraus, para exercitar meus músculos.”

3. Redescubra sua energia juvenil
“Energia vem de sentir-se bem, não de comer bem ou dormir muito. Todos nos lembramos quando éramos crianças e estávamos nos divertindo, como esquecíamos de comer ou dormir. Eu acredito que podemos manter essa atitude enquanto adultos. É melhor não cansar o corpo com regras demais como hora de comer e hora de dormir.”

4. Mantenha-se ocupado
“Sempre se planeje com antecedência. Minha agenda já está completa pelos próximos cinco anos, com palestras e meu trabalho usual, no hospital.”
5. Mantenha-se trabalhando
“Não há necessidade de se aposentar, mas, se necessário, deve ser fazer após os 65 anos. A idade atual de aposentadoria foi fixada em 65 anos há meio século atrás, quando a expectativa de vida média no Japão era de 68 anos. Hoje, as mulheres japonesas vivem em torno de 86 e os homens 80, e temos 36 mil centenários em nosso país. Em 20 anos, teremos cerca de 50 mil pessoas com mais de 100 anos.”

6. Siga contribuindo com a sociedade
“É maravilhoso viver muito tempo. Até os 60 anos é fácil trabalhar para a família e alcançar os objetivos. Depois de uma certa idade, devemos nos esforçar para contribuir com a sociedade. Desde os 65 anos que trabalho como voluntário. Eu ainda trabalho 18 horas, 7 dias por semana e amo cada minuto.”

7. Espalhe seu conhecimento
“Compartilhe o que você sabe. Eu dou 150 palestras por ano, algumas para 100 crianças do ensino médio, outras para 4.500 empresários. Eu normalmente falo por uma hora, uma hora e meia, de pé, para permanecer forte.”

8. Entenda o valor de diferentes disciplinas
“A ciência sozinha não consegue curar ou ajudar as pessoas. A ciência nos trata a todos como uma coisa só, mas as doenças são individuais. Cada pessoa é única, e as doenças estão conectadas com seus corações. Para entender as doenças e ajudar as pessoas, precisamos de artes livres e visuais, não somente de medicina.”

9. Siga seus instintos
Confie no GUT – GUT é uma sigla para Gravidade, Urgência e Tendência. “Quando um médico recomenda que você faça um teste ou alguma cirurgia, pergunte a ele se quer que o cônjuge ou as crianças passem por esse procedimento. Ao contrário do que muitos acreditam, os médicos não podem curar a todos. Então, por que causar dor desnecessária com, por exemplo, uma cirurgia, em certos casos? Eu acho que a música e a terapia animal podem ajudar mais do que a maioria dos médicos imagina”.

10. Resista ao materialismo
“Não enlouqueça pelo acúmulo de coisas materiais. Lembre-se: você não sabe quando será sua vez, e nós não levaremos nada daqui.”

11. Tenha modelos de vida e inspirações
“Encontre alguém que te inspire para procurar ir ainda mais longe. Meu pai veio para os EUA estudar em 1900, foi um pioneiro e um dos meus heróis. Mais tarde encontrei outros guias de vida, e quando me sinto paralisado, me pergunto como eles lidariam com o problema.”

12. Não subestime o poder da diversão
“A dor é algo misterioso, e divertir-se é a melhor maneira de esquecê-la. Se uma criança está com dor de dentes e você começa a brincar com ela, ela imediatamente esquece a dor. Hospitais precisam oferecer as necessidades básicas dos pacientes: nós todos queremos nos divertir. No St. Luke’s [hospital que dirigiu e trabalhou até o fim da vida] nós temos música, terapia animal e aulas de arte.”


Minha inspiração é o poema “Abt Vogler”, de Robert Browning, que meu pai costumava ler para mim. Ele nos encoraja a fazer grande arte, não garranchos. Diz para tentarmos desenhar um círculo tão grande que não haja como terminá-lo enquanto vivermos. Tudo o que vemos é um arco, o resto está além da vista, mas está lá, na distância.