Lindo o texto de Danielle Lourenço Hoepfner!!!
Era manhã de domingo de Páscoa e o vovô Coelho estava sentado na cozinha com seus netinhos, tomando chá de folha de alface com lascas de cenouras assadinhas. Aquela balbúrdia típica de coelhinhos felizes era ouvida ao longe. Era o que se pode chamar de som da felicidade. Os pequenos haviam dormido lá para poderem acordar bem cedinho e aproveitar o dia tão especial junto daqueles seres tão especiais aos seus coraçõezinhos. Como era de praxe todos os anos, os pequenos coelhos pediam que o avô contasse a história de como um simples coelhinho tinha sido escolhido para ser o ajudante da Páscoa!
Vovô, depois que haviam finalizado o desjejum, acomodou a todos na acolhedora sala de estar, sentou na estimada cadeira de balanço e começou a contar aquela história que lhe era muito cara ao coração.
“Há muito, muito, tempo… Mas muito tempo mesmo, os coelhos eram animaizinhos que viviam em grandes fazendas. Naquele tempo, muitas famílias ainda residiam no campo e todos os anos chegavam mais e mais famílias para se juntarem aos seus parentes. Eram tempos em que nosso país foi um grande anfitrião, recebendo amorosamente pessoas de vários continentes. As pessoas vinham, construíam suas moradas, lavouras e recomeçam suas vidas nestas terras tão acolhedoras e férteis. Mas nunca esqueceram suas pátrias mães e de quando em quando, recordavam seu passado, comemorando datas especiais pela “receita” cultural de seus locais de origem. Assim, conhecemos o Papai Noel, as danças juninas e os ovos de Páscoa.
As galinhas se achavam muito importantes por participarem daquela festa que celebrava a vida e o renascimento do Salvador!
Organizavam-se em equipes para dar conta das “encomendas”.
Umas botavam os ovos, outras os lavavam, outras pintavam e por fim, aquelas responsáveis pela logística, entregavam-nos.
O fato é que, com o passar dos anos, as famílias foram aumentando… E, para o desespero da galinha chefe, naquele ano, a produção não seria suficiente. Ela reuniu o conselho das anciãs e deliberaram que deveriam priorizar o que sabiam fazer de melhor: botar os ovos. E os serviços de lavagem, pintura e entrega poderiam ser terceirizados com os demais companheiros de fazenda.
Espalharam cartazes por toda propriedade e foram conversar com alguns animais que entendiam ter um grande potencial para atividade de tamanha responsabilidade. Falaram pessoalmente com o cavalo, a vaca, os patos e vários animais da fazenda.
Ficaram contagiadas pela animação que perceberam, afinal, todos disseram sim! Alguns já queriam começar, outros choraram de emoção e outros ainda, perguntaram se além das tarefas mencionadas, poderiam colaborar em algo mais. Ficaram encantadas com a disposição dos coelhos. Tão pequenos e já querendo ajudar… Não “botaram” muita fé naqueles orelhudos, mas, mesmo assim, mantiveram o convite.
A galinha chefe sentiu até um arrepio de medo! Pela impressão que tivera, haveria mais entregadores do que ovos a serem entregues… Mas, pensou, são os riscos das mudanças de processos… Decidiu adaptar-se ao longo dessa nova experiência. Marcou um treinamento com os interessados para o dia seguinte.
Compareceram apenas os coelhos. Ela estranhou muito, mas procedeu com os ensinamentos.
Depois, de posse da lista de comparecimento, foi atrás dos ausentes.
Depois, de posse da lista de comparecimento, foi atrás dos ausentes.
Quanta decepção!
O cavalo disse que tinha interesse em participar, mas que não podia assumir compromissos porque nunca sabia quando estaria ou não no pasto. A vaca se desculpou, mas disse sentir muita dor nas tetas e que deixaria para outra oportunidade. Os patos informaram que haviam esquecido, mas que colaborariam, sim!
E assim, um por um, todos foram justificando suas ausências.
A galinha chefe pensou: estes animais sofrem de MPPA – muito papo e pouca ação.
Novo treinamento se fez e, novamente, apenas os coelhos compareceram. Ela, resignada, ensinou-os tudo o que podia. Até que no domingo de Páscoa, os céleres e desbravadores coelhos – agora promovidos ao status de Coelhos de Páscoa – iniciariam suas novas atividades profissionais.
A primeira Páscoa foi um sucesso! As decorações dos ovos estavam lindas porque foram aperfeiçoadas pelas delicadas mãos das coelhinhas. As crianças foram atendidas em tempo recorde, e antes do amanhecer todos os ovos haviam sido entregues em todas as casas.”
Mesmo já conhecendo a história de trás para frente, os coelhinhos vibraram com o final feliz! Era uma história linda de uma parceria que já se mantinha há anos!
Vovô Coelho concluiu os ensinamentos daquela manhã: “meus amadinhos, o que aprendemos com isso? Que quem quer, faz, não fica só de papo e promessas vazias! Se somos esse time vencedor, é porque os coelhos adotam a metodologia P+A! Papo mais ação! Cumprimos nossa palavra e nos empenhamos, dando o melhor de nós em cada Páscoa!”.
Os coelhinhos abraçaram o amado vovô e, depois,
foram curtir seus ovinhos, cheios de alegria e animação.
foram curtir seus ovinhos, cheios de alegria e animação.
Que o seu coelhinho interior renasça nesta Páscoa,
permitindo que você inicie e conclua todos os sonhos e projetos
que um dia brotaram do seu coração!
permitindo que você inicie e conclua todos os sonhos e projetos
que um dia brotaram do seu coração!
Com carinho, Dani
Este conto faz parte da coletânea de contos e crônicas do livro
“Amiga, coloque a calcinha para dentro da calça e outras conversas”
à venda na loja Mimos e Caprichos e na Amazon.
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