quarta-feira, 14 de junho de 2017

Por que, por quê, porque ou porquê?

Se você já se pegou nessa dúvida,
veja como usar corretamente as variações da palavra.








Você sabe quando usar por que,  porque,  por quê ou porquê

1. A forma POR QUE é usada:
a) Para introduzir uma pergunta. Exemplos:
  • Por que inventei para a moça o nome de Nazinha? (BRAGA, 2013, p. 55)
  • Por que não há de estudar leis fora daqui? (ASSIS, 2008, p. 64)


b) Quando se subentende a palavra motivo. Exemplos:
  • Nem sei explicar por que pensei nisso no meu caminho de sempre, depois do trabalho, na rua vazia, de madrugada. (BRAGA, 2013, p. 53)
  • Os senhores já sabem por que é que eu tenho um olho torto? (RAMOS, 2012, p. 13)
  • Fui examinar os cachorrinhos, saber por que um gorgolejava daquele jeito. (RAMOS, 2012, p. 101)


c) Quando equivale a  pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais. Exemplo:
  • Nem contigo entender a razão por que ele agiu daquela maneira.


2. A forma POR QUÊ, com acento circunflexo,  aparece no fim da frase, concluindo uma pergunta. Exemplo:
  • Chorou por quê? (ASSIS, 2008, p. 48)


3. A palavra porque introduz as ideias de causa e explicação. 
Equivale a pois, uma vez que, já que. Exemplos:
  • Eu podia lhe contar o meu programa; não conto, porque não sou nenhum desses políticos idiotas que vivem salvando a pátria com plataformas. (BRAGA, 2013, p. 80)
  • Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los. (ASSIS, 2008, p. 15)
  • Uma tarde entrou em nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque chegara o efetivo naquela manhã. (ASSIS, 2008, p. 43)
  • Note que é só para fazer mal, porque ele é tão religioso como este lampião. (ASSIS, 2008, p. 56)
  • Mas agora não havia perigo, porque a oração que eu tinha rezado era poderosa e o couro da bota era duro. (RAMOS, 2012, p. 46)


4. Usa-se o substantivo PORQUÊ como equivalente de motivo, razão. Exemplos:
  • Não sei o porquê de tanta ironia.
  • Deve haver um porquê para sua atitude.


E então? 
Ficou clara a explicação? 
Então observe este curto trecho do romance Dom Casmurro, em que José Dias conversa com Bentinho, e reflita sobre o emprego das palavras grifadas.
"Aí está! nunca ninguém me há de ouvir dizer nada de pessoas tais, por quê? Porque são ilustres e virtuosas."

  • Os exemplos em itálico foram extraídos das seguintes obras:
    ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
    BRAGA, Rubem. Rubem Braga: melhores crônicas. São Paulo: Editora Global, 2013.
    RAMOS, G.HA. Rio de Janeiro:  Editora Record, 2012.
Professora Sandra Portugal
Fonte: Educação.Globo