quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sexualidade e Aliança na Contemporaneidade - Nem Édipo, Nem Barbárie: Uma Contribuição Genealógica ao Debate Psicanalítico - 2ª Edição – Revista e Atualizada


[publicada em 07 de fevereiro de 2012]
2ª edição revista e atualizada da obra: 



É sabido que no debate público a respeito das alianças contemporâneas, especialmente no momento em que homossexuais reivindicaram direitos de família na França, boa parte dos psicanalistas manifestaram-se contra tais mudanças. 
Para tanto, entrincheiraram-se no Édipo que, sem dúvida, ocupa lugar central na psicanálise desde Freud, considerando-o como contraponto ao que eles passaram a nomear de barbárie. 
O Édipo – condição fundante da subjetividade humana – foi posto num campo de batalha em oposição à ameaça supostamente conduzida por famílias de homossexuais e de lésbicas. 
Lei e Desejo – enraizados no coração do Édipo – foram e ainda são conceitos normalmente invocados quando se exige a interlocução entre Psicanálise e Direito. 
Por sua vez, o autor faz lembrar que a homoparentalidade é somente uma dentre outras formas de aliança conjugal e familiar que buscam legitimação social no cenário contemporâneo. 
As ‘uniões livres’, as ‘produções independentes’, as famílias ‘recompostas’ e ‘adotivas’, entre outras, demonstram que a sexualidade, a aliança e a reprodução humana se dissociaram completamente ao longo das últimas décadas. 
Na contramão dos psicanalistas que avocam elevados ideais civilizatórios, o autor demonstra que, mesmo na versão estrutural formulada por Lacan, o Édipo condensa os contornos da família pequeno-burguesa e, por isso, acorrenta os registros que hoje em dia se encontram desatrelados. 
Para tanto, ele lança mão da genealogia de Foucault e a explora no limite da radicalidade com que este último critica o Édipo enquanto eixo formador da subjetividade. 
O Édipo para Foucault é uma matriz moderna pela qual cada sujeito passa a administrar sua sexualidade e a si próprio numa sociedade cuja arte de governo está centrada no poder sobre a vida humana. 
A psicanálise teria sido aquela que recuperou o sistema de aliança face à falência da antiga gestão familiar e à valorização do dispositivo da sexualidade, lançando mão do Édipo enquanto instrumento principal dessa empreitada. 
Por seu turno, o autor insere na esteira dessa crítica, a ideia de que o Édipo herdou também vetores históricos das alianças entre homem e mulher e entre pais e filhos, o que revela o estreitamento ainda maior entre psicanálise e cristandade ou ainda, a racionalidade científica burguesa. 
Donde a necessidade de revisão urgente do Édipo, com tudo que ele implica, a saber, a Lei simbólica fundada na diferença sexual e no referencial fálico, em face dos jogos de força na atualidade. 
Mas, não se trata aqui de um libelo contra a psicanálise ou, simplesmente, contra o Édipo. 
Ao contrário: a tarefa de recolocar essa discussão nos trilhos da genealogia é bastante promissora, pois permite chamar atenção para a complexidade da psicanálise, sobretudo, do seu fundador, Freud. 
Não é preciso abdicar do Édipo para perceber que o saber freudiano se avizinha das experiências éticas e estéticas da ars erótica, criando, assim, outras formas de interlocução com o Direito e a Filosofia frente aos desafios da vida contemporânea. 
Desse modo, este livro interessa aos que, oriundos da Psicanálise, da Psicologia, do Direito, da Filosofia e das Ciências Humanas em geral, se inquietam com tais desafios sem sucumbirem a ideias acabadas de civilização e barbárie, cuja polaridade se mostra muitas vezes mais próxima do esperado.




Eduardo Ponte Brandão 
Doutor em Teoria Psicanalítica/ UFRJ;
Mestre em Psicologia Clínica/ PUC/Rio;
Psicanalista;
Psicólogo do Tribunal de Justiça/RJ;
Professor do curso de Especialização em Psicologia Jurídica UCAM/AVM;
Professor de graduação em Psicologia UNI/IBMR;
Co-organizador do livro Psicologia Jurídica no Brasil.




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SUMÁRIO DA OBRA
Introdução 
Capítulo 1 – Sexo, Casamento e Reprodução na Idade Média 
1.1 Amor reserva e débito conjugal 
1.2 Expansão da Igreja e regulação do sexo e do casamento 
1.3 O triunfo do modelo canônico de casamento 
1.4 Tribunais, feiticeiras e o repúdio ao feminino 
1.5 Baixa Idade Média 
1.6 A importância do Concílio de Trento 
1.7 A confissão tarifada e as formas jurídicas 
1.8 A confissão da carne e a pastoral cristã 
1.9 A colonização da sexualidade na doutrina matrimonia l 
1.10 As formas jurídicas e o problema da possessão 
Capítulo 2 – Sexualidade, Casamento e Reprodução na Modernidade 
2.1 A construção do modelo normativo 
2.1.1 O problema da masturbação e o modelo dos dois sexos 
2.1.2 A célula nuclear: a penetração da sexualidade na aliança 
2.1.3 A medicalização da família e o problema do incesto 
2.2 A normalização científica do sexual e a tecnologia do exame 
2.2.1 A psiquiatrização do prazer perverso 
2.2.2 Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual 
2.3 A inscrição da norma na arte de governar a vida 
2.3.1 A socialização das condutas de procriação 
2.3.2 A arte de governar 
2.3.3 Familiarismo e o declínio das ciências do sexual 
2.3.4 Psicanalismo 
Capítulo 3 – Sexualidade e Aliança em Freud 
3.1 A sexualidade infantil perverso-polimorfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psicanálise 
3.2 As tessituras do complexo: linhas gerais. 
3.3 Dissonâncias da psicanálise frente ao projeto moderno e familiarismo edipiano 
3.4 A moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade. . 
3.5 Masturbação e ars erotica 
3.6 A virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade. 
3.7 Lacan e os lacanianos 
Conclusão